Um dos “pais da internet”, Vint Cerf, que participou da criação do protocolo TCP/IP, alerta: historiadores do futuro terão grandes dificuldades de encontrar registros dos nossos tempos atuais.
Segundo ele, o século 21 está entrando no que ele chama de uma “Idade das Trevas digital”, que fará que boa parte do que a nossa sociedade produz e produzirá se perca para sempre pela incapacidade de guardar informação de um modo que seja acessível no futuro.
Cerf diz este é o novo foco de seu trabalho, com a meta de solucionar o problema que pode erradicar a história contemporânea.
“Eu me preocupo muito com isso. Nós já experienciamos coisas assim. Formatos velhos de documentos ou apresentações que criamos já podem não ser mais acessíveis na última versão dos softwares que usamos porque retrocompatibilidade não é sempre uma garantia”, lembra ele.
E ao longo de décadas e séculos, a tendência é só piorar. “Com o passar do tempo, nós teremos vastos arquivos de conteúdo digital que nós não sabemos do que se trata”, explica Vint Cerf.
Sua ideia para tentar solucionar o problema é armazenar cada software e cada hardware em uma espécie de museu digital armazenado em servidores na nuvem. Ele propõe que seja feita uma espécie de “raio X” do conteúdo, da aplicação, do sistema operacional e da máquina juntos para preservá-lo para o futuro, permitindo a recriação do passado no futuro.
Há um problema nessa proposta, porém. Uma empresa precisaria manter esse banco de informações, mas por quanto tempo? São raríssimos os casos de companhias que duraram mais de um século, então não há como garantir que qualquer interessado no presente será capaz de se manter operacional daqui a alguns séculos.
Cerf tem uma ideia de que seria possível transportar as informações de uma nuvem para outra, impedindo que o fim de uma empresa causasse também o fim do “museu”.
Por Olhar Digital - Via BBC