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Atentado terrorista deixa 12 mortos em Paris

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O alvo foi a redação do jornal satírico 'Charlie Hebdo', que fora ameaçada após publicar caricaturas de Maomé

Imagem de vídeo amador mostra policial sendo executado
por um dos terroristas nesta quarta-feira 7, em Paris
Um ataque terrorista contra a redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo deixou ao menos 12 mortos nesta quarta-feira 7, em Paris. O atentado foi realizado às 11h30 do horário local (8h30 em Brasília) por um grupo de homens fortemente armados, aparentemente profissionais, que invadiram a redação do jornal e fugiram após o crime. Conhecida por suas charges irônicas sobre figuras políticas e religiosas, a publicação se tornou alvo de terroristas muçulmanos após publicar charges de Maomé, o profeta do islã, e recebeu uma série de ameaças ao longo dos últimos anos.

Segundo fontes policiais, os autores do ataque gritaram "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé. Ao abandonar o prédio, os agressores atiraram contra um policial, atacaram um motorista e atropelaram um pedestre com o carro roubado.Vídeos amadores mostram ao menos dois homens, mascarados, vestidos de preto e portando armas automáticas, trocando tiros com policiais nas ruas da capital francesa. Em um dos vídeos, é possível ouvir os homens gritando allahu akbar, termo árabe que significa "Deus é grande", e um deles executa um policial ferido, caído no chão, com um tiro à queima roupa na cabeça.


"Ouvi disparos, vi pessoas encapuzadas que fugiram em um carro. Eram pelo menos cinco", declarou à AFP Michel Goldenberg, que tem um escritório na rua Nicolas Apert, onde fica a sede do jornal. Entre os mortos estavam os renomados chargistas Wolinski, Charb, Cabu e Tignous.


De acordo com informações da polícia francesa, após a invasão à redação da revista, localizada no oeste de Paris, três homens entraram em um carro em que um motorista os aguardava para a fuga. Eles seguiram para a Porte de Pantin, no noroeste da cidade, onde abandonaram o primeiro carro e roubaram um segundo. Após o ataque, todas as redações de jornais baseadas em Paris foram colocadas sob proteção policial, assim como templos religiosos e escritórios do governo.

Em novembro de 2011, após publicar uma caricatura de Maomé em sua capa, com a manchete "Charia Hebdo", referência àsharia, a lei islâmica, a redação do Charlie Hebdo foi atacada com uma bomba incendiária. O Maomé caricaturado pela Charlie Hebdo em 2011 prometia "100 chicotadas se você não morrer de rir". A edição, dizia a revista, era 'editada' por Maomé.

Em setembro de 2012, o Charlie Hebdo publicou novas caricaturas de Maomé. Na capa, o profeta muçulmano aparecia em uma cadeira de rodas, empurrada por um judeu ortodoxo, sob o título "Intocáveis 2". Era uma referência ao filme francês Untouchables, estrelado por François Cluzet e Omar Sy, que contava a história da amizade entre um homem rico e doente e seu cuidador, um imigrante. Dentro da publicação, novas caricaturas exibiam Maomé nu.

Retratar Maomé é um ato problemático, pois as imagens do profeta são consideradas proibidas por muitos muçulmanos. Para muitos líderes religiosos sunitas, as representações visuais de Maomé poderiam provocar “idolatria” e, por isso, são proibidas.

Edição desta quarta fazia referência ao islã

O Charlie Hebdo fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira 7 do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano. "As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes... Em 2022, faço o Ramadã!", ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.


Com informações da AFP

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