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Humor e SBT estão de luto: Falece o humorista, redator e diretor Roberto Gomes Bolaños, o Chaves

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O humor e o SBT estão de luto: faleceu no início da noite desta sexta-feira (27), o humorista, diretor e redator mexicano Roberto Gomes Bolaños, famoso pelos personagens Chaves e Chapolin, seriados de muito sucesso no Brasil e marcas registradas da emissora de Silvio Santos como sinônimo de boa audiência.

Roberto Gomes Bolaños tinha 85 anos e deixa seis filhos, fruto de seu casamento com Graciele Fernández Pierre. Nos últimos 9 anos, foi casado com Florinda Meza, famosa também no Brasil por interpretar a Dona Florinda no seriado Chaves.


Em 2014, o seriado Chaves completou 30 anos de exibição no país através do SBT. Já o seriado Chapolin, recentemente, voltou ao ar em exibição no site da emissora, durante a propaganda eleitoral.


O SBT já anunciou a exibição do especial "Obrigado, Chaves", na noite de sábado, após a novela Chiquititas. 


www.sbtpedia.com.br

Muito além de ‘Chaves’: Bolaños foi diretor, produtor, compositor e escritor
Ator também criou filmes, peças de teatro e músicas para novelas.



(Foto: Henry Romero/Reuters/Arquivo)

Roberto Gómez Bolaños nasceu em 21 de fevereiro de 1929, na Cidade do México. Filho de uma secretária, Elsa Bolaños-Cacho Aguilar, e de um desenhista, pintor e ilustrador, Francisco Gómez Linares, ele sempre gostou de escrever e sonhava ser jogador de futebol, mas chegou a cursar engenharia. A vontade de criar, porém, falou mais alto e ele abandonou a faculdade para trabalhar em uma agência de publicidade, onde teve seu primeiro contato com emissoras de rádio e TV.

Na década de 50, já era roteirista da dupla de comediantes Viruta e Capulina e, entre 1960 e 1965, ao mesmo tempo em que se destacava com roteiros de cinema, trabalhava nos dois programas de maior audiência da televisão mexicana, “El estudio de Pedro Vargas” e “Cómicos y canciones”. Bolaños chegou a ser escolhido pelo lendário comediante Cantinflas para criar uma série protagonizada por ele, “El estudio de Cantinflas”, mas o alto custo fez com que o projeto que não saísse do papel.

Foi seu talento como roteirista, aliás, que levou o diretor de cinema Agustín P. Delgado a criar o apelido “Chespirito” (“Pequeno Shakespeare”, em castelhano), pelo qual Bolaños seria conhecido por toda a vida.

Em 1968, ele ganhou um espaço considerado nobre nas tardes de sábado e estreou oficialmente como ator no programa “Los supergenios de la mesa cuadrada”, que tinha meia hora de duração e satirizava telejornais, e onde apareceu pela primeira vez como Doutor Chapatin. No elenco estavam também Ramón Valdés, Rubén Aguirre e Maria Antonieta de las Nieves, que mais tarde se tornariam famosos por interpretar Seu Madruga, Professor Girafales e Chiquinha em “Chaves”.


Com uma audiência cada vez maior, novos quadros começaram a surgir, e, em 1970, o ator apareceu pela primeira vez com seu uniforme vermelho no papel do atrapalhado super-herói Chapolin Colorado, sucesso imediato. No ano seguinte, já com mais de 40 anos de idade, Bolaños passou a interpretar um garoto pobre que se escondia em um barril no pátio de uma vila. “Chaves” se tornaria não apenas o personagem mais famoso do artista, mas também um ícone mexicano e do humor mundial.

A essa altura, “Los supergenios de la mesa cuadrada”, que havia mudado de nome e agora se chamava “Chespirito”, era pequeno demais para Chaves e Chapolin. Em 1971 ambos já eram donos de suas próprias séries.

“Chapolin” se tornou o primeiro seriado mexicano a ser vendido para outros países, e “Chaves” seguiu o mesmo caminho. Ao longo de quatro décadas, os programas foram exibidos em mais de 90 países, sendo Cuba o único em toda a América Latina a não exibi-los. Dublado em dezenas de idiomas, foi sucesso também nos Estados Unidos e em países da África e Europa. No Brasil, os personagens chegaram em 1984, através do SBT. Ainda hoje, “Chaves” é considerado um dos maiores trunfos da emissora, que já o exibiu inclusive em seu horário nobre e guarda episódios inéditos no país.

Em 1977, encerrou seu casamento com Graciela Fernández Pierre, mãe de seus seis filhos, e passou a viver com a atriz Florinda Meza, a Dona Florinda de “Chaves”. No mesmo ano começou a excursionar internacionalmente com o elenco da série. Reproduzindo esquetes e cantando músicas temáticas dos personagens, eles lotaram estádios em países como Argentina e Chile e fizeram duas apresentações seguidas, ambas com ingressos esgotados, no Madison Square Garden, em Nova York, em 1983.

Os problemas com os colegas, porém, começaram ainda no final da década de 70. O primeiro ator a deixar a série foi Carlos Villagrán. Em 1978, ele foi autorizado por Bolaños a usar a imagem de Quico em um espetáculo solo, mas o processou mesmo assim, alegando ser o criador do personagem.

Após perder a ação, Villagrán disse que saiu do programa por “ciúmes e inveja” entre os ex-colegas. Outra versão é de que os dois atores teriam brigado por que, antes de viver com Bolanõs, Florinda Meza teria tido um relacionamento romântico com Villagrán. O clima já não era bom quando o ator participou de seu último episódio, considerado um dos grandes clássicos da série, em que os personagens fazem uma viagem de férias a Acapulco.

No ano seguinte foi a vez de Ramón Valdés, o Seu Madruga, deixar o programa por motivos pessoais não revelados. Ele chegou a voltar, em 1981, mas em 1982 passou a trabalhar com Villagrán em outros projetos. Valdés morreu em agosto de 1988, de câncer no estômago.

Em 1978, Roberto Bolaños recebeu um convite para levar seus personagens mais conhecidos ao cinema, mas não aceitou. Em vez de Chaves ou Chapolin, ele escreveu o roteiro e atuou, ao lado de diversos colegas de suas séries, na comédia “El chanfle”. O filme foi um enorme sucesso de bilheteria no México e ganhou uma continuação, dirigida por ele, dois anos depois.

O último episódio de “Chapolin” foi produzido em 1979, e o de “Chaves” foi ao ar, no México, em janeiro de 1980. Os personagens, porém, voltariam a aparecer em outro programa de Bolaños, “Chespirito”, que no Brasil foi exibido como “Clube do Chaves”. Apenas em 1992 o ator aposentou os dois personagens, alegando estar muito velho para continuar, embora “Chespirito” tenha sido produzido até 1995.

Anos após o fim das séries, uma nova disputa judicial. Desta vez a briga foi com Maria Antonieta de Las Nieves, a Chiquinha. As discussões sobre o direito de uso da personagem duraram anos, até que Maria Antonieta conseguiu, já nos anos 2000, autorização para se apresentar como Chiquinha nos shows de seu circo. Em visitas ao Brasil, a atriz revelou em programas de TV que durante muito tempo tentou falar com o antigo colega para fechar um acordo, mas não teve retorno.

Embora seja reconhecido principalmente por seu trabalho na TV, Roberto Bolaños também tem um extenso currículo cinematográfico, tendo sido produtor de pelo menos seis filmes e roteirista de mais de 20, de acordo com perfis em seu site oficial e no IMDb. Um lado ainda menos conhecido é o de compositor. Muitos de seus fãs não sabem que ele é o autor de músicas usadas não apenas em suas séries, mas também em filmes e algumas novelas da emissora mexicana Televisa.

Bolaños escreveu ainda seis peças teatrais, entre elas o musical “Títeres” e “11 y 12”, que permaneceu em cartaz por sete anos consecutivos e foi reencenada diversas vezes, com diferentes elencos. É também autor de três livros. O primeiro, “Poemas y um poco más”, foi lançado em 2003. Em 2005 foi a vez de uma autobiografia, “O diário do Chaves” e, no ano seguinte, publicou “Sem querer querendo”.

Em 2011, apesar de já bastante debilitado e de raramente participar de eventos, ele criou um perfil no Twitter, alcançando mais de um milhão de seguidores em menos de dois meses. Em novembro de 2014, o número já passava dos seis milhões. Na rede social, compartilhava fotos antigas, agradecia aos fãs pelas mensagens de carinho e chegou a promover um Twitcam, que reuniu 40 mil usuários. O último post foi em homenagem ao Brasil.

G1

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